Sonho realizado

Como anilina fez Jorge Lordello ser Delegado de Polícia e ter programa na RedeTV!

Apresentador da emissora relembra quando quis seguir carreira na área criminal, diz ser viciado em TV aberta e também nos números do Ibope


Jorge Lordello atualmente e no seu canal Na Cena Do Crime
Jorge Lordello desvendou "crime" quando mais jovem e pegou gosto pela coisa - Foto: Montagem/NaTelinha

Jorge Lordello está há mais de uma década à frente do Operação de Risco na RedeTV!. Ele compara o sucesso do programa ao Chaves - atualmente, o policial vai ao ar às terças, quintas, sextas e sábados -, mas tudo começou na época da escola. Uma aluna aluna colocou anilina na cafeteira que ficava na sala dos professores. Alguém queria fazer bullying. E ele solucionar o "crime". "Eu assumo meio que a capa do Sherlock Holmes", recorda.

A revelação foi feita em uma longa entrevista ao NaTelinha publicada no YouTube (vídeo ao fim da matéria) e que também aparece aqui em formato de texto. Jorge Lordello é o 10º convidado de uma série de 20 entrevistas com personalidades que fizeram ou fazem a história da TV neste mês que marca as duas décadas do site.

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Consolidado no Operação de Risco, afirmou que já recebeu seis convites para trocar de canal nos últimos anos. Viciado em televisão aberta, é também aficionado por números de Ibope e acompanha o minuto a minuto. Em casa, zapeia pelas emissoras para ficar ligado em absolutamente tudo. "Eu conheço o Programa do Ratinho de ponta a ponta", orgulha-se.

Lordello também fala sobre seu programa Hora de Ação na emissora, o piloto que fez na Globo ao lado de Chico Pinheiro no início dos anos 2000 e a criação de um canal no YouTube que serve para que se aprofunde em crimes que chocaram o país. "Deram a notícia até o velório, até o enterro. Depois todo mundo esqueceu", frisa.

Confira:

NaTelinha - A Operação de Risco está no ar há 11 anos sob o seu comando, mas já está há 15 anos no ar. E a primeira coisa que eu te pergunto é: a que se deve essa longevidade?

Bom, primeiro, o que garante a longevidade, na verdade, é o público. Nós temos que ter eu como apresentador, o meu diretor Eduardo Oliveira, toda a nossa equipe, nós temos que ter um olhar muito interessante para aquelas pessoas que assistem o programa. E nós temos duas maneiras de filtrar isso. Uma das maneiras é o contato que nós temos no YouTube. Por quê? Porque o Operação de Risco a sábado à noite na RedeTV e no domingo nós já temos no YouTube. O nosso YouTube já bateu 2 bilhões e 500 milhões de views. E as pessoas comentam demais sobre o programa. Então, os comentários via YouTube é um fator relevante pra gente. Agora, quando eu saio às ruas, quando eu vou fazer palestra, participar de evento, as pessoas me abordam e as pessoas falam o porquê que gostam do programa e eu quero revelar pra você aqui em primeira mão.

Uma coisa que é pacífica nesse meu bate-papo com os aficionados com a Operação de Risco é que eles têm um prazer de ver a ocorrência policial porque eles sabem que um criminoso vai ser preso. Então você imagina, numa sociedade onde o crime bateu na porta de todo mundo, todo mundo no Brasil ou já foi vítima do crime, ou uma pessoa dentro da sua casa já sofreu com criminosos. E a partir daí, no momento em que o criminoso é preso, há uma satisfação emocional muito interessante. A pessoa descarrega uma adrenalina. É a mesma coisa aquela pessoa que vai no jogo de futebol e xinga quando o time perde, que vibra quando o time ganha. E, na verdade, quando a gente vê o Operação de Risco, a pessoa se emociona, ela descarrega um pouco daquela neurose, principalmente, imagina uma pessoa que perdeu um carro?

A pessoa perdeu o carro e, além de perder o carro, ele ficou com 50 prestações para pagar do financiamento do consórcio. É uma dor que a pessoa vai levar para o resto da vida. Quando ela assiste o programa e ela mostra assaltantes sendo presos, é como se fosse feito ali um processo até de vingança, e ela se sente um pouco satisfeita. A outra coisa do sucesso do programa, e olha que nós verificamos isso em canais no mundo inteiro, não há nenhuma televisão no mundo que consiga fazer com tanta precisão o que nós, o que a nossa equipe aprendeu a fazer com os policiais na rua. Hoje nós filmamos com a Polícia Militar, com a Polícia Civil, nós filmamos com a Guarda Civil, nós filmamos com a Polícia Federal e filmamos em São Paulo e também em outros estados.

Nós, na verdade, colocamos o telespectador dentro da viatura policial, como se ele estivesse sentado ali, observando a rotina do trabalho policial. Então, se você verificar esse ineditismo, essa qualidade, esse profissionalismo. E aí, o que acontece? Quando o programa vem pra mim no estúdio do QG da Operação de Risco, a vantagem que eu tenho é que eu sou uma pessoa de formação jurídica criminal. Fui delegado 30 anos, escrevo livros, ou seja, eu realmente tenho um conhecimento na área policial maior do que outros apresentadores da mesma área no quesito direito e experiência. E a gente tenta, aí a minha parte, na hora de apresentar o programa, é dividir com o público essa minha experiência e fazer com que o público entenda essa dinâmica policial.

Só para você ter uma noção, o Operação de Risco, ele é assistido no sábado, basicamente, porque hoje nós estamos sexta à noite. E que dá muita audiência. Às 22h40, fica duas horas de programa. Depois nós entramos com o programa inédito no sábado, que começa às 22h10. E agora tem uma novidade, não sei se você já tinha se ligado, Thiago. Nós estamos também às terças-feiras. Toda terça à noite, é uma hora de programa. O programa vem crescendo de audiência. Então, o que acontece? O público da TV, nós verificamos nos índices de audiência que é um público de um pouco mais de idade, que é aquele público que fica em casa e gosta de televisão. Mas, quando o programa vai para o domingo, ele cai no jovem.

E daí a gente verifica que o público que assiste no YouTube é jovem, que quer ver a adrenalina, a emoção do trabalho policial. E o mais curioso é que 95% dos comentários do jovem é super favorável à polícia. Eu quero te trazer também uma novidade, que é o seguinte: muitos policiais jovens que gravaram o Operação de Risco nos últimos anos me confidenciaram que entraram para a polícia porque eles tinham 14, 15 anos. Eram fãs do Operação de Risco. Eles viram na profissão o quê? Uma paixão, um dom, uma vocação. E essas pessoas, por causa do Operação de Risco, ingressaram nas fileiras policiais. Então, isso também é um fator muito relevante para mostrar a importância do programa Operação de Risco para a população brasileira.

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NaTelinha - Dentre esses horários que a gente está falando, sexta, sábado, domingo, já foi exibido também no fim de tarde, que ele também tinha tido uma boa resposta do público. Qual você acredita que melhor se encaixa? Para ter o seu auge de audiência, porque você é um cara muito ligado em audiência, o minuto a minuto você fica acompanhando ali. Dentre todos esses horários, se você pudesse escolher, se você tivesse o poder da caneta, da grade na mão da RedeTV!, qual horário você priorizaria?

Olha, o Operação de Risco, tem uma brincadeira lá na RedeTV! que é o seguinte: o Operação de Risco para a RedeTV é como o Chaves para o SBT. Qualquer lugar que você põe, qualquer horário, ele dá audiência. É impressionante. Eu vou te dar um exemplo. Nós começamos agora terça-feira, porque terminou o programa do Geraldo Luís, que era terça, e entrou agora o Operação de Risco. Mas a gente não teve nem tempo, não teve como comunicar para o público. E logo no primeiro programa, ele já bateu uma audiência muito relevante. Agora, a audiência maior é tradicionalmente no sábado. Então, no sábado, o programa começa às 22h10 e vai até às 23h10. Os primeiros 20 minutos, nós confrontamos com a novela da Globo.

E a gente, nesses primeiros 20 minutos, a gente tem uma dificuldade, porque a pessoa já estava na novela assistindo a novela. Quando acaba a novela, começa a migração. E nessa migração, principalmente após por volta de 22h45, você começa a subir e aí nós temos uma absoluta certeza que vai ar 2 pontos, às vezes a 3 pontos. Já tivemos outras fases que batia 4, 4,5, mas televisão a gente sabe que são fases. Outro detalhe importante é que o Operação de Risco é um programa que mexeu na grade das outras emissoras. Muitas emissoras sempre tiveram problema de concorrer com a Operação de Risco. E teve alguns casos, não vou citar programas, mas que foi trocado duas, três, quatro vezes um programa para conseguir chegar junto do Operação de Risco.

Então, nós temos um embate, o horário de sábado é um embate muito duro, mas a gente consegue manter excelentes índices de audiência.

NaTelinha - E você acompanhando o programa, minuto a minuto ali, Lordello, o que você já aprendeu com essa dança dos números que a gente está falando? Digo, em caso, em relação ao Operação de Risco mesmo. Onde é que dá mais audiência no programa? Quando que a audiência sobe? Você fala: 'putz, agora começou a subir'. E você nota um comportamento meio que padrão. Quando você começa a mostrar determinada cena, os números vão subindo. Quando que é esse momento? Se você identificou isso, né?

Você me conhece bastante, você sabe que eu sou um aficionado por audiência, porque a audiência é a única métrica para você ter do seu programa e dos seus concorrentes. Então a gente fica primeiro, eu e meu diretor Eduardo Oliveira, a gente fica muito de olho na concorrência, o que os outros programas estão colocando naquele horário. Porque nesses últimos 13, 14 anos de Operação de Risco, a RedeTV! não mexeu na grade no sábado, é aquilo lá. E os outros canais, todos eles foram mexendo a grade. Então, nós temos um público cativo. Existe uma coisa em televisão que eu aprendi, é quando você consegue fidelizar um público, e isso, eu vou te garantir que é muito difícil. O que é um público cativo? O público cativo é aquela pessoa que é apaixonada por um determinado programa. Quando tem aquele programa, essa pessoa deixa de ir a uma festa, essa pessoa deixa de ir ao cinema, essa pessoa ou ela retarda algum compromisso, porque ela não pode perder aquele tipo de programa.

Eu vou te dar um exemplo, o que é mais fácil fidelizar é o jogo de futebol. A gente sabe que vai ter jogo dos grandes clubes, aqui em São Paulo, por exemplo, a pessoa para a vida dela, ela deixa de namorar, ela deixa de sair, porque ela vai sentar na televisão e vai assistir. E o Operação de Risco não é programa de futebol. Nós não temos torcida como eles têm. Mas nós conseguimos fazer uma torcida muito interessante e a audiência tem mostrado, o Ibope tem mostrado que cerca de 55% são as mulheres. E o porquê que eu descobri isso? Eu recentemente abri um canal no YouTube chamado Na Cena do Crime, onde eu conto as histórias com riqueza de detalhes.

E lá eu tenho um contato mais próximo com os internautas do Na Cena do Crime e eu comecei a reparar o volume grande de mulheres, e eu ali conversando nos comentários, eu percebi que as mulheres têm uma verdadeira paixão por 'true crimes'. E, na verdade, o Operação de Risco é um true crimes real. É um reality policial que coloca a pessoa na cena do crime. Então, nós temos um público aficionado. Então, o que acontece? O público chega no Operação de Risco quando começa o programa. Aí ele começa a crescer quando termina a novela. Terminou a novela, a pessoa está deixando de sair a novela, alguns não gostam da novela, já estão esperando a gente. Isso tanto é verdade que nos minutos anteriores a começar o Operação de Risco, a audiência começa a subir.

A gente já sente nos números que o público já está chegando e é como se ele estivesse com a pipoca e com o sorvete esperando o programa. O público que não assiste a novela da Globo. E aí, o que acontece? O nosso pico realmente começa entre 22h50 em diante. E isso também tem muito a ver, às vezes não tem muito a ver com a própria ocorrência, mas tem a ver com a nossa concorrência. Os outros programas que muitas vezes estão acabando, que já estão numa barrigada. Então, tradicionalmente, a gente começa a crescer depois das 22h30. E aí vai crescendo, vai crescendo, vai crescendo. E sempre, sempre nós terminamos com o pico de audiência às 23h10. Isso é fato. Justamente quando acaba. Então o programa está sempre subindo.

NaTelinha - Eu ia te perguntar se tem algum ponto baixo onde o público, ele tem fuga de telespectadores. Então, pelo jeito, não tem. Ele pega embaixo e ele vai subindo e o pico é justamente o final.

É isso. Olha, ele começa a subir e não para. Ele vai subindo gradativamente, quando vai se aproximando das 23h. E aí, atualmente, nós temos um canal concorrente que troca o programa às 23. E é um canal também que já mexeu diversas vezes na grade para chegar junto na Operação de Risco. Mas quando eles trocam o programa às 23h e a gente continua a subir, quando eu entrego para o Marcelo de Carvalho com o Mega Sonho, sempre é o pico de audiência do programa.

NaTelinha - Então, pensando nisso, não seria prudente, numa avaliação de grade, colocar o programa Operação de Risco às 22h30 no sábado para não sofrer com esses minutos que o público ainda está chegando? Ir subindo aos poucos e já começar quando a novela da Globo já estiver terminada, que provavelmente o índice seria um pouco maior do que ele é hoje?

Olha, o programa Operação de Risco, uma boa parte dos anos, ele foi 22h30, depois ele foi para 22h10. O que acontece? Existe um mundo ideal e um mundo que a gente pode fazer. Muitas vezes, eu vou te dar um exemplo com o futebol, que eu sei que você é um apaixonado por futebol. Muitas vezes, a gente vê o futebol de fora, E a gente fala assim: 'Olha, o técnico não pois um jogador, esse jogador está mal'.

Tudo bem. Só que tem o seguinte, quando a gente vai falar de grade de televisão, uma coisa muito importante que a gente muitas vezes esquece ao fazer uma crítica é saber que a grade da TV depende muito dos anunciantes. E os anunciantes, quando assinam contratos, eles têm regras. Eles têm regras que ele quer colocar o anúncio ou o patrocínio do programa num determinado horário, e aí você não pode alterar aquele horário. Então, nós temos uma grade recheada de programas, e é óbvio que todo diretor de programa, todo apresentador, ele queria ter uma grade melhor para o programa dele render. Mas, em contrapartida, nós temos na emissora um diretor de programação que fica de olho tanto em explorar o melhor de audiência que ele pode conseguir no programa, mas você tem anunciante, você tem contratos, então a gente tem que também analisar isso.

Mas se você falar para mim qual seria o melhor horário para começar, eu entendo que 22h30 eu fujo da novela. Mas aí eu fujo da novela e eu o a novela para o outro programa. Sabe aquela coisa? Todo mundo adora a feira, mas ninguém quer ter a feira na frente da sua casa. Então, eu estou contente com o horário, porque o programa realmente é um programa muito interessante e ele é um programa que mantém essa audiência, que para nós é um orgulho.

NaTelinha - Entre 2023 e 2024, você apresentou o Hora de Ação. A gente conversou um pouco antes do programa estrear. E você me disse que a RedeTV! não tinha uma meta de audiência estipulada, mas a meta era sua e do seu diretor, que era 2 pontos de média na época. Essa meta nunca foi alcançada e o programa acabou saindo do ar. O que você acha que aconteceu? Por que não teve a mesma resposta do Operação de Risco? Foi o excesso de programas similares na faixa?

Excelente pergunta, vamos lá. Nós imaginávamos inicialmente que nós íamos atingir 2 pontos, tá? A gente realmente imaginava, mas tinha um motivo, tinha um motivo. Anos antes existia um programa nesse horário, não me lembro qual é, e esse programa acabou, e nós acabamos entrando neste horário, só que era um horário mais cedo, ok?

Era um horário mais cedo. Eu me recordo que nós chegamos a fazer uma hora, a uma hora e meia de programa. A gente colocava lá os melhores momentos. E era impressionante a resposta de audiência. Era impressionante. Então, nós, na verdade, nos baseamos em dados de três, quatro anos atrás. Quando a gente começou com o programa, você entendeu? Com o Hora de Ação. Então, a gente teve como base aquele tempo. Só que naquela oportunidade, o horário de início era diferente. Outro detalhe: foi o que a gente mais sentiu em fazer o programa Hora de Ação. Nós tínhamos muito material interessante dos crimes factuais, principalmente porque eu e o meu diretor Eduardo, nós temos muito contato com a polícia, a gente recebe muita coisa.

Só que os programas concorrentes, que são três programas policiais no mesmo horário, só que eles entram ao ar bem antes. Eles entram ao ar às 16h, 17h. E outro detalhe, eu pegava o programa com 0,0. Eu pego com 0,0 dos outros programas. São programas com 3, 4, 5 pontos. E eles já estão contando os casos. Eles começaram a contar as melhores notícias, é óbvio, no começo do programa. E eles vêm carregando essas notícias. Quando eu entrava, com o Hora de Ação, eu estava no 0. E aí eu começava a falar do factual. Só que eu começava a falar do factual e boa parte do que eu falei já havia sido falado nos outros programas. Então, toda esta dificuldade não fez que a gente conseguisse os 2 pontos.

Mas nós tivemos, em alguns episódios, que eu bati 1.3, 1.4 de pico. E para a gente foi realmente, a nossa superintendente, a Stephanie de Freitas, ficou muito contente. E eu posso dizer, que o programa vinha crescendo, o programa vinha bem. Nós tínhamos algumas ideias, mas depois uma outra empresa comprou o horário e a gente saiu do horário e a empresa entrou e está tudo certo.

Como anilina fez Jorge Lordello ser Delegado de Polícia e ter programa na RedeTV!

NaTelinha - Então ele não saiu por baixa audiência, ele saiu porque uma empresa arrendou o horário para que pudesse fazer os seus comerciais, é isso?

Sim, sim. O programa, na verdade, como a gente, você conhece muito de TV, mas eu vou falar para o seu público. Quando você pega 0,0 eu vou te falar, porque eu fiquei na Sônia Abrão 10 anos. A Sônia Abrão pega de 0. Então, o que acontece? A primeira meia hora do zero, zero é duro. É a primeira meia hora. Você briga, briga, briga, briga e chega a 0,1, 0,2, 0,3. É uma disputa. É a famosa do drama da primeira meia hora. É óbvio que tem canal que não está acostumado com isso, porque tem audiência muito alta. Então, quando o cara pega baixo, o programa pega baixo, pega com 2. Agora, você imagina pegar com 0,0. Então, nós já perdíamos meia hora de programa. Aí eu tenho, no Hora de Ação, ele começou com uma hora, depois aumentou uma 1h15. Aí eu tinha 45 minutos. Mas aí você começa a crescer. Mas, volto a repetir, eu tinha os concorrentes já vindo com o público.

Então, nós tínhamos essa dificuldade, mas a audiência era muito interessante. Nós entregávamos para o RedeTV! News sempre com uma boa audiência. Então, realmente estava ali um programa que eu entendo que, de acordo com todas essas circunstâncias, foi muito bem-sucedido. Eu vou fazer um exemplo. no caso do programa A Tarde é Sua, da Sonia Abrão, porque tem muita gente que só analisa aquela audiência média do programa. Então, a pessoa que faz essa análise somente é uma análise muito fria e é uma análise sem profundidade. Então, eu vou novamente citar o exemplo do A Tarde é Sua, que é um programa de duas horas, mas é um programa que pega do 0. Então, a primeira meia hora do programa, você não pode exigir da Sônia Abrão que ela chegue a 2 pontos.

Então, quando a Sônia dá um resultado expressivo, muitas vezes 1.5, 1.6, é um resultado estrondoso. Mas, às vezes, a pessoa compara com outro programa do mesmo horário e fala que o outro programa deu um pouco mais. Mas ele não começou com audiência muito baixa. Então, toda essa análise aprofundada tem que ser feita.

NaTelinha - Na época, a RedeTV! estreou o Sessão Dorama numa dobradinha com o Hora de Ação. Isso atrapalhou? Já que eram produtos para públicos diferentes? E você até perdeu tempo... Ou seja, menos tempo pra reagir. Foi até uma tentativa de angariar uma galera que estava dispersa pelos streamings da vida em um gênero que faz muito sucesso no próprio streaming?

Olha, você me conhece, você sabe... Eu não assisto streaming. Eu sou viciado em TV aberta. Você tem uma noção, na minha casa, eu não assino Netflix.

NaTelinha - Resistente, hein?

Eu assisto TV aberta. Eu assisto os concorrentes de qualquer área, área de entretenimento, área de jornalismo, para me entender TV aberta. Mas eu ouvia de amigos e amigas falando do tal Dorama, que é uma febre incalculável. Mas eu posso te dizer que, como eu estava lá fazendo ao vivo, eu assisti a boa parte do programa.

Essa série do dorama é muito bem feita, mas é uma novela com uma capacidade interessante. E eu vou te dizer, eles me avam com uma certa audiência. Não era tão ruim, não. Você entendeu? Então, eu não tenho o que criticar dos doramas, porque realmente ele ava com um pouquinho de audiência e que nos ajudou um pouco, sim.

NaTelinha - Você disse que não tem streaming. O que você assiste em casa? O que você pega para assistir que você gosta, que você às vezes vê um programa dando muita audiência? O que aquele programa está ando? Como é que é o seu comportamento como telespectador mesmo?

Não, o meu comportamento, na realidade, o meu comportamento é, primeiro, de um apaixonado por televisão. O formato de TV aberta. Segundo, um comportamento de profissional de TV, onde eu tenho que ficar ligado em todos os programas. Eu tenho que entender o que os outros canais estão fazendo. Ou seja, quando eu vejo, e eu assisto tudo, programas com baixa audiência, programas com alta audiência, não importa. Se você falar quais canais, todos os canais. A todo momento, quando eu posso, eu ligo a TV e fico olhando. À noite, como eu sou uma pessoa que não saio de casa, e o meu programa é um programa noturno, eu focalizo muito TV aberta à noite, onde eu assisto tudo, todos os canais. Então, se você me perguntar, por exemplo, o Programa do Ratinho, eu conheço o programa do Ratinho de ponta a ponta.

Eu sei o que ele faz, eu sei o que ele muda, eu vejo os horários que ele já alterou, eu vejo as estratégias que ele faz. E, na realidade, você pode perguntar: 'Mas, Lordello, você assiste o Programa do Ratinho? Mas o seu programa é policial'. Não importa. Os programas podem ter temas diferenciados, mas tem muita coisa que você pode retirar, sim. Você aprende, sim. Então, eu assisto todos os canais. E eu fico olhando, na realidade, os índices de audiência até para ver se esses outros canais estão, eventualmente, obtendo audiência ou não. Tudo, na verdade, são estratégias que são utilizadas. Agora, o que eu fico contente é que no meu horário, enquanto nós estamos aí há quase uma década e meia, o que eu posso observar é que nesse horário os nossos concorrentes, todos, todos, inclusive a Globo, mudaram de horário, mudaram de programa, mudaram de temas de programa.

E nós mantivemos uma fidelização. Assim como o programa Tarde à Sua também mantém. Isso é muito importante, que aí eu volto no começo da nossa entrevista, que daí o que vai acontecer? Você forma esse público cativo, esse público que deixa de sair de casa para assistir o Operação de Risco sexta à noite e sábado à noite. Então, isso nós já conseguimos, isso é uma das coisas mais difíceis de acontecer, e você mesmo comentou. A gente estreou no domingo, deu audiência. Nós estamos agora, terça-feira à noite, dando audiência. Ou seja, acaba virando um produto de interesse de qualquer horário. E eu não tenho dúvida, se você colocar de manhã cedo, se você colocar de madrugada, vai dar audiência.

NaTelinha - E devido a esses bons resultados, talvez é natural que você desperte interesse nos concorrentes, né? Porque afinal de contas, dar 2, 3, 4 pontos ou até mais que você já deu, na RedeTV! é um feito e tanto. Já apareceu alguma coisa para você nesse sentido? Algum convite que te fez balançar? Ou algum convite, de repente, até indecente para você mudar de canal?

Nesses anos todos, eu recebi diversos convites para participar de outras emissoras, mas eu acabei optando em ficar na RedeTV! por N motivos. Um dos motivos é uma emissora onde eu conheço desde os acionistas até a pessoa que corta a grama da emissora. Então, eu vou para a emissora, é uma coisa que eu me sinto totalmente em casa. E outro detalhe importante, a RedeTV! me deu oportunidade de criação. Eu sempre levei para a diretoria algumas ideias e muitas dessas ideias foram aprovadas e foram experiências incríveis. E eu vou te dizer uma coisa, essa coragem da RedeTV!, esse DNA de inovação, onde nós pudemos inovar muito, mas muito no programa da Sonia Abrão, A Tarde é Sua.

NaTelinha - Então, você teve convite para migrar de emissora nos últimos anos. Você pode revelar qual emissora que te chamou?

Eu vou falar para você. Eu recebi, fora a Rede Globo, foram seis convites.

NaTelinha - De uma mesma emissora ou de emissoras diferentes?

De emissoras diferentes.

NaTelinha - Abertas?

Tudo emissora aberta onde eu tive reunião com pessoas importantes, com o top da empresa. Mas nenhuma delas me aguçou em fazer pelo menos igual ou mais do que eu faço hoje na RedeTV!. E aí, o que aconteceu? Aí veio o 'boom' do programa Operação de Risco. E o programa Operação de Risco é a minha cara. É a minha cara porque eu trabalhei na polícia há muitos anos. Eu entendo de todo esse formato. Quando eu vou entrevistar um policial, que a gente leva no programa, a minha pergunta é uma pergunta feita por um profissional de polícia, por um especialista, um estudioso na área.

Então, a gente consegue dar realmente um aprofundamento e isso, como profissional de TV, como profissional de segurança para mim, é realmente engrandecedor. O que eu posso dizer é que todos os canais de TV aberta respeitam o Operação de Risco. Quando eu vou em algum evento, quando eu vou em um encontro com pessoas de outros programas, de outras emissoras, diretores, todos vêm me cumprimentar e falam parabéns pelo programa. Então, é um programa que realmente é, ele é, não, a palavra não é invejado, as pessoas realmente sabem do programa, respeitam e que o programa tem realmente uma qualidade.

NaTelinha - E quem é que foi a primeira pessoa que acreditou em você para que você pudesse comandar o Operação de Risco? Quem é que colocou a mão no telefone e disse: 'Lordello, o apresentador aqui está saindo e a gente precisa de um apresentador e pensamos em você'. Quem foi?

Olha, Thiago, você é bom entrevistador. Você é o cara que se prepara. E você faz perguntas difíceis e perguntas importantes. Essa pergunta que você está fazendo nunca ninguém me fez. E é uma pergunta importante. E eu vou te dizer como é que foi. É muito interessante. O Operação de Risco, no início do programa, ele teve um apresentador. Esse apresentador teve que sair do programa. E aí o meu diretor, quando ele soube que esse profissional não ficaria, o que aconteceu?

Ele teve que rapidamente escolher um apresentador. E, inicialmente, ele convidou três ou quatro apresentadores. E, nisso, eu nem estava sabendo. Nem estava sabendo disso. Porque eu não conhecia o diretor do programa, que é o Eduardo Oliveira. Então, depois ele me contou. Ele tinha convidado três ou quatro jornalistas ou apresentadores de TV. Eu não sei, vou ser bem sincero, eu não me recordo o nome dessas pessoas. E ele fez um piloto com essas três ou quatro pessoas. O diretor Eduardo Oliveira, apesar de um jovem diretor, eu acho que dos jovens diretores ele é um dos principais da TV, ele é uma pessoa que se preocupa muito com qualidade em todos os sentidos. Ele é um cara que busca uma qualidade de edição, qualidade de filmagem, é uma coisa impressionante.

E quando ele gravou com essas três ou quatro apresentadores, ele não gostou. Ele falou: 'Não é isso'. E ele me contou que estava na sala de produção do Operação de Risco quebrando a cabeça para tentar arrumar mais duas ou três pessoas. Aí, o que acontece? Quando ele olha para a televisão o que tem no QG, na produção da Operação de Risco, quando ele olha, estava ando o quê? O programa da Sonia Abrão. Quem estava comentando? É o Jorge Lordello. Quando ele me vê na tela, ele falou: 'Como é que eu esqueci e não lembrei do Jorge Lordello?'. Aí o que ele fez? Ele ligou para o RH da RedeTV! e pegou meu telefone. Ele ficou esperando o programa acabar. O programa acaba às 17h.

Aí, se acaba o programa, você vai tirar a maquiagem, não sei o quê, se preparar para ir embora, é 17h30. 17h30 toca o meu telefone. Era ele. Ele se apresenta, porque eu não o conhecia. 'Olha, meu nome é Eduardo Oliveira, sou diretor da Operação de Risco, e eu estou procurando uma pessoa para apresentar, e eu queria conversar com você para saber se você quer fazer um piloto'. No dia seguinte, eu fui à RedeTV!. Conversei com ele, me propus a fazer o piloto. E na época, o cenário do Operação de Risco era virtual. Era feito em um estúdio de chroma. Fui lá, fiz o piloto. Geralmente, eles fazem o piloto, eles cortam o programa e depois sentam com a diretoria. Mas logo quando terminou o programa, ele me chamou e falou: 'Lordello, por mim está aprovado'.

Na hora. 'Por mim está aprovado, só que eu vou levar para a diretoria, porque a diretoria tem que analisar e tem que bater o martelo'. E na realidade foi levado para a diretoria, e eles bateram o martelo, e imediatamente eu assumi o programa, e aí eu parei de fazer a Sonia Abrão. Então a história realmente foi essa, como eu cheguei ao Operação de Risco.

NaTelinha - E lá se vão mais de 10 anos. É muito tempo. Queria que você relembrasse a história de um programa piloto que você fez na Globo? Você se lembra o formato do programa? Tinha nome? Quantos pilotos foram? E que casos de crime continham nesses pilotos? Você se lembra quais eram os casos?

Lembro, lembro. Eu não vou lembrar o nome do programa, porque acho que nem tinha. Não tinha nome. Não tinha nome. As coisas na vida são curiosas. Vou te contar o que aconteceu. Por que o Chico Pinheiro me chamou? Foi ideia dele. O Chico Pinheiro, naquela época, era casado. E ele morava num prédio na Giovanni Gronchi. Naquela oportunidade do piloto, eu namorava com uma moça que morava no mesmo prédio que ele. Até eu nem sabia que ele morava lá. Um dia, eu fui na casa da namorada, parei o carro no estacionamento, subi, e quando abro o elevador, quem que estava?

Chico Pinheiro. Aí, eu falei: 'Chico, olha, eu gosto muito do seu trabalho, meu nome é Jorge Lordello, eu estou na RedeTV!, no programa A Tarde é Sua'. Nem sei se eventualmente ele me conhecia. Eu não sei. Bom, e aí, algumas vezes, eu encontrei com ele no elevador. E encontrando no elevador, eu puxava papo de crime. E nós criamos ali uma leve amizade. ado meses, o que aconteceu? Ele entra em contato comigo. Como é que ele entra em contato comigo? Ele chegou para a namorada, que já não era mais namorada. E me ligou. Ele disse o seguinte: 'A Globo está entendendo que o programa Malhação já está dando o que tinha que dar. Já não vem correspondendo em audiência. Então, foi pedido para o núcleo de jornalismo criar um programa'.

Isso foi mais ou menos 2001, 2002. Naquela oportunidade, eles já entendiam que precisariam ter um programa jornalístico mais popular. Uma coisa que falasse menos de política e entrasse mais no dia a dia das pessoas, que é o que os concorrentes faziam. Então, a ideia era quadro quadros, cada quadro seria um tema diário e um dos temas tinha que ser segurança pública, tinha que ser polícia.

Foi o Wellington Camargo, o irmão do Zezé di Camargo, que tinha sido sequestrado. Então, o programa foi feito com ele. Então, o Chico apresentava, o Chico ficava de pé, eu ficava sentado de um lado e o entrevistado sentado do outro e nós íamos desenrolando e íamos explicando o sequestro e a vítima ia falando: 'Olha, aconteceu isso, aconteceu aquilo'. Eu só não estou me recordando se foi o Wellington, acho que não foi o Wellington, acho que foi o Zezé ou o Luciano. Foi o Zezé ou o Luciano, tem mais de 20 anos... Não foi o Wellington, não. Bom, fizemos esse piloto desse quadro. Os outros quadros foram gravados no outro dia.

Bom, ado um tempo, o Chico me ligou e falou, Lordello: 'Nós resolvemos gravar mais um quadro. A gente quer mostrar mais sobre esse quadro'. Falei, tá bom. O que vocês estão pensando fazer? Bom, nós combinamos de entrevistar o cantor Salgadinho, o pagodeiro, porque a mãe dele tinha sido sequestrada. Então, o Salgadinho se propôs a fazer o piloto, foi lá, fizemos um programa superinteressante, que eu conhecia tudo sobre o sequestro da mãe dele, e aí encerrou o assunto, fizemos o piloto, e o Chico falou: 'Olha, nós vamos montar e editar, vai ser ado para a diretoria da Globo, e depois eu te dou um posicionamento'.

Bom, eu estava crente que aquilo ia sair, mas depois de 40 dias ele me ligou, ele falou: 'Lordello, o pessoal gostou do programa, gostaram do modelo, mas houve uma discussão mais aprofundada sobre o Malhação. E nessa discussão aprofundada, eles entenderam que o programa Malhação, a novelinha lá, pode, tem lenha'. Ele usou até esse termo, tem lenha para queimar. Eu falei: 'Está ótimo. Precisando de mim, estou à disposição'. E tudo bem. E aí, eu comecei a acompanhar até mais o programa Malhação, e os técnicos da Globo tinham tanta certeza disso, e eles acertaram, que o programa ficou 20 anos. Então, não teria por que ter aquele programa se eles tinham um programa de sucesso, que depois eu acho que eles fizeram modificações e o programa ficou.

Como anilina fez Jorge Lordello ser Delegado de Polícia e ter programa na RedeTV!

NaTelinha - Mas os pilotos foram gravados 'à vera' mesmo? E outra pergunta que eu tenho para te fazer é, você como profundo amante de televisão, você não acharia que aquele programa que você gravou o piloto pudesse ser encaixado em uma outra faixa da programação, se não o fim de tarde, de repente semanal, em alguma faixa, enfim. Pelo que você estava vendo ali, ele não caberia em um outro horário?

Eu acho que o programa que eles fizeram, aquele horário era o ideal. Porque era o horário para você combater os outros programas do mesmo horário, só que a ideia deles não era fazer só polícia inicialmente, era ter quadros diferenciados para poder aprofundar. Então, eu acho que o programa cairia bem ali, porque a Rede Globo tem outros programas jornalísticos grandes também, são muito bem feitos, mas eu acho que o programa, eu entendo, se eventualmente eles estivessem tivessem escolhido esse programa, eu entendo que seria um programa diário de sucesso na TV brasileira.

NaTelinha - E o Chico Pinheiro ficaria no comando do programa mesmo, isso já estava certo?

Ficaria. E outra coisa, eu já gostava muito do trabalho dele, ele é um cara que tem uma sagacidade, rápido de falar, então eu entendia que o apresentador perfeito para aquele programa seria o Chico Pinheiro.

NaTelinha - Tem alguma coisa diferente que você queira apresentar na televisão, especificamente? Algum formato, de repente, que você já tenha se interessado por aí? Ou, de repente, até criar alguma coisa? Porque você, como amante de televisão, aprendendo até com o programa do Ratinho no SBT, bisbilhotando todos os programas da televisão aberta... E uma outra pergunta também, você é fã de televisão que não seja brasileira, você assiste a televisão aberta americana, por exemplo, você tira alguma coisa de lá que também tem muito programa ligado a essa área que você é especialista?

Olha, vou ser bem sincero para você, não assisto nada americano. Não assisto nada. Eu já assisti, eu não consegui extrair nada. O que eu quero te falar é o seguinte. Primeiro, eu gosto de TV aberta desde garoto. Desde garoto. Então eu tenho paixão pela TV aberta.

Bom, você me falou de programas que eu quero apresentar. Eu tenho basicamente, três formatos de programa.

NaTelinha - Exclusivo aqui, em primeira mão.

Mas aí você me fala: 'Lordello, me conta'. Eu não posso te contar. Alguém pega ideia. Esses três programas, eu tenho até nome, eu já registrei no INPI o nome, e esses programas surgem, esses formatos de programas surgem. Em razão de todo um olhar de TV brasileira lá atrás. Porque, coincidentemente, eu morava perto da Tupi e morava perto da MTV. E aquilo já me aguçava o interesse por televisão. Então, eu tenho um desses programas, a gente começou há uns anos atrás, a desenhar esse programa. E o programa estava bem avançado, inicialmente desenhando um formato, mas eu me recordo que teve uma crise econômica no país na época e houve uma puxada de freio geral no Brasil e esse programa acabou, a gente parou de mexer. Então, eu tenho três formatos. Um dos formatos eu já levei para a diretoria da RedeTV! para análise.

Então, eu acho que esses formatos, de alguma maneira, algum deles vão sair, porque são coisas inéditas. E aí eu peguei toda a minha experiência em TV, toda a minha experiência em assistir televisão e assistir TV aberta, e eu vou te explicar, eu assisto TV aberta para entender o público da TV aberta. O público do streaming é outro público. Eu, às vezes, vou numa festa, converso com alguém. E às vezes a pessoa não me conhece. Aí eu falo: 'Você não assiste a Operação de Risco?'. Ele falou: 'Onde é que a?'. Eu falei: 'RedeTV!, no canal aberto'. Ele falou: 'Emas eu não assisto TV aberta. É uma geração que é só streaming ou YouTube. Agora, a última novidade que eu, que era a minha, na verdade eram quatro ideias que eu tenho.

Uma delas eu coloquei em prática. Eu tinha uma vontade, de ter um programa onde eu contasse crimes, mas com cronologia. Aquela coisa que eu gosto de fazer, contador de história policial. É o primeiro fiapo do acontecimento até o final. E aí eu tenho a facilidade de conseguir laudo, de conseguir relatório de polícia, de conseguir as pessoas para darem entrevista. E aí, Eu já tinha o nome desse programa, que o nome é Na Cena do Crime. Na Cena do Crime. Eu fui lá, não havia registro desse nome, registrei o nome. E agora, o que eu fiz? Eu criei uma estrutura sozinho e criei o YouTube Na Cena do Crime. Esse YouTube tem dado uma repercussão que eu imaginei que ia dar repercussão, porque não tem nada de true crimes nesse meu formato.

Eu faço uma narrativa do crime, colocando o internauta na cena do crime. Eu consigo levar o máximo de provas possíveis e imagens para colocar a pessoa na cena do crime. Só para você ter uma noção, antes de você entrar nessa entrevista, Eu estou roteirizando o crime do MC da Leste, que é um crime sem solução. E eu fui atrás de provas, eu fui atrás de imagens. Você não faz ideia. Eu consegui imagens de como se eu estivesse atrás do MC da Leste, olhando para o público. Eu consegui, nessas imagens, posicionar de onde saiu o tiro. Esse tipo de análise nenhum canal fez.

E eu estou roteirizando e vou fazer esse roteiro para lançar no meu canal no YouTube na Na Cena do Crime. Ou seja, eu tinha esse sonho e ele está realizado. Só para você ter uma noção, na televisão nunca se preocuparam em falar de crimes antigos. Eu roteirizei agora e já publiquei. O crime da mala, que é um crime espetacular pelos seus meandros. O crime do bandido da luz vermelha. Eu contei o crime inteiro. Eu descobri, Thiago, acredite se quiser, não sei se você lembra ou se você sabe, da lenda da loira do banheiro. Você já ouviu?

Como anilina fez Jorge Lordello ser Delegado de Polícia e ter programa na RedeTV!

NaTelinha - Nossa, muitas vezes.

Você já fez a invocação da loira do banheiro no banheiro da escola?

NaTelinha - Meu Deus do céu, não tive coragem.

Não teve coragem, mas todo mundo que está assistindo, ou 80%, sabem da lenda da loira do banheiro. Todo mundo imagina que é uma lenda urbana. É crime! A loira do banheiro existiu. Uma loira foi morta. Ela morava numa mansão que logo em seguida foi comprada pelo governo do estado em 1850 e pouco. E ali, na compra daquela casa, aquela casa foi transformada num colégio. E naquele colégio, as pessoas ouviam vozes e barulhos no banheiro. E isso se espalhou no Brasil inteiro. O que eu fiz? Eu fui atrás, lá em Guaratinguetá, arrumei provas, tudo que eu tenho. Eu tenho foto da loira do banheiro, dela viva. Eu tenho foto dela morta. Eu tenho foto dela embalsamada. Eu contei a história. Eu contei história da loira do banheiro. Como eu vou contar agora a história do homem do saco. Ou seja, o canal Na Cena do Crime era um sonho que a gente tinha de poder roteirizar grandes histórias atuais, como do ado, porque eu percebi que as pessoas gostam muito desse tipo de material, viu?

NaTelinha - E quais os outros formatos que você pensa em apresentar em breve, Lordello? São todos ligados à sua especialidade? Não tem nenhum que fuja do assunto? São todos do segmento?

Todos. Bom, eu não posso falar o formato, mas eu quero dar uma palhinha. Quando as pessoas conhecem o meu trabalho, mas não conhecem a fundo, e eu vou poder aqui ampliar um pouco, só para que as pessoas saibam quem é o Jorge Lordello, na verdade. Imagina eu com 11 anos de idade, a minha mãe, dona Nazaré, que era professora de Estado, professora do primário, e um dia ela querendo incentivar eu, que sou o filho mais velho, para ler, porque os meus irmãos não gostavam de ler.

Eles nunca gostaram de ler e eu gostava de ler. E minha mãe um dia trouxe um livro da Agatha Christie, que é o romance policial. A Agatha Christie é considerada a rainha do crime. Foi a maior ou uma das maiores contadoras de histórias policiais. E a Agatha Christie cria um personagem, que é o detetive que resolve os crimes. E quando eu li aquele primeiro livro, eu falei: 'Caramba, mas que coisa emocionante'. Eu pedi: 'Mãe, tem mais livro dessa mulher?'. E a minha mãe foi comprando todos os livros de Agatha Christie. Então eu li a coleção inteira dela. Quando acabou, eu pedi mais. Ela falou: 'Não tem mais'. Acabou. Bom, minha mãe era uma pessoa muito culta, muito estudiosa, e ela percebeu que o filho dela tinha interesse nesse tipo de leitura.

E ela me trouxe os livros, em seguida ela me trouxe um livro do Conan Doyle. O Conan Doyle foi o escritor que criou o Sherlock Holmes. E ele é muito curioso porque os dois são da Grã-Bretanha e os dois viveram no século XIX, no final do século XIX. Os dois juntos venderam mais de 4 bilhões de livros. São os grandes escritores. Então, para você ter uma noção, até os 14 anos, eu fiquei lendo Conan Doyle e lendo Agatha Christie. Aí, quando vem aquele boom da TV aberta, chegam os seriados americanos policiais. E o que mais me encantou era o do detetive Columbo. O detetive Columbo era um policial que era todo esquisito. Ele tinha um olho meio caído, ele andava meio torto, usava uma capa preta, falava umas coisas desconexas, mas ele esclarecia todos os crimes.

E aquilo começou a me impressionar. Me impressionar quando, com mais ou menos 15 anos de idade, no colégio que eu estudava, algum aluno ou aluna colocou anilina, sabe aonde? Na cafeteira que ficava na sala dos professores. Ou seja, alguém do colégio quis fazer um bullying com os professores. E aí os professores começaram a tomar o café e eles perceberam que a língua ficava azul porque tinha anilina. E foi um alvoroço naquele colégio. A diretora brava, contando pra todo mundo. E a primeira professora que eu vi era a minha professora. E aquilo me doeu. Porque ela se sentiu humilhada com aquela brincadeira. E naquele momento, eu assumo meio que a capa do detetive Columbo. Eu assumo meio que a capa do Sherlock Holmes. E eu falo: 'Caramba, eu quero descobrir quem colocou anilina nessa cafeteira'.

Começou aí. E aí eu comecei a andar pelo colégio, e ali era o horário do recreio, e olhando com outros olhos aquele bando de garoto no recreio, eu vejo num cantinho um grupo de quatro meninas da minha idade. E elas estavam conversando e dando muita risada. Mas eu percebia que três davam risada e uma contava uma história. Eu fui me aproximando, me aproximando, e aí elas acabaram a história e tocou o sinal para voltar para o colégio, para voltar para a sala de aula. Quando elas estão voltando para a sala de aula, eu comecei a seguir essa menina que contava a história. E essa menina que contava a história, eu consegui observar que em dois dedos da mão, ela tinha um escurecimento na unha e dentro da unha.

E a unha chamou a atenção. Falei? 'Por que essa moça está com a unha suja?'. Bom, no outro intervalo eu procuro essa moça. Eu procuro ela, começo a conversar, e eu viro para ela e falo assim... Eu joguei um verde para colher maduro. Eu peguei e falei para ela: 'Por que você fez isso na sala dos professores com a anilina?'. Ela falou: 'Eu? Você está ficando louco? Eu não fiz nada'. Falei: 'Você fez sim'. E aí, o que eu fiz? Eu chutei, porque pertinho do colégio existia uma loja de armarinhos. E eu vi que lá vendia anilina, porque nós tínhamos feito um trabalho com anilina. E eu falei: 'Olha, para o seu azar, a hora que você comprou anilina, eu estava ali dentro da loja e vi você comprando anilina. Então só pode ser você'. Essa menina ficou completamente... Eu percebi no olhar. E eu falei pra ela, 'eu vou contar. Eu vou contar pra diretora'. E a diretora era muito brava. E naquela época, Thiago, você era expulso do colégio. Ela era expulsa, porque era uma época do colégio público e você não tinha choro nem vela. Aí, quando ela percebeu, e ela era culpada, ela falou: 'Lordello, pelo amor de Deus, eu moro aqui perto'. Ela morava na rua de trás do colégio. Falou: Minha mãe me mata se descobrir. Por favor, não conta para a diretora'. Falei: 'Tá bom, eu não vou contar. Mas você vai pedir desculpa para a professora. Você vai me prometer que você vai pedir desculpa para a professora'. Aí ela agradeceu e falou que ia pedir desculpa para a professora.

Não fiquei sabendo se ela pediu. Mas ali foi o primeiro crime, entre aspas, que eu esclareci com uma sagacidade. Bom, naquele momento eu decidi que eu ia ser policial, mas não sabia a carreira, era muito jovem. Quando chegou a época de fazer faculdade, que eu ia fazer direito, eu falei: 'Vou ser delegado de polícia'. Só que, no período de fazer, no período de fazer a faculdade, tinha um professor de direito penal que era delegado de polícia. E eu fiquei muito amigo dele. E eu ficava encantado com as histórias deles. Quando um dia ele me falou: 'Lordello, vai abrir um concurso na Procuradoria de Assistência Criminal no fórum. E lá é interessante você prestar para você ser estagiário e trabalhar no fórum'.

E eu fiquei encantado, fui lá, Avenida Liberdade 32, tinha uma prova oral, fiz e ei. Quando ei, me chamaram para assumir o cargo, o cara perguntou: 'Você quer ir para a área civil ou a área criminal?'. Eu falei: 'Criminal. A civil eu não quero ir'. 'Ah, você quer ir para a criminal? Tá bom'. A maioria queria ir para a civil. Ele me manda para o Palácio Mauá. E eu entro no Palácio Mauá com 19 anos, com um terninho, eu entro naquele lugar, subi até o 26º andar, onde ficava a sala da procuradoria, que nada mais era que advogado de réu preso do Estado. E eu fui trabalhar com uma japonesa, uma defensora pública que me acolheu. Só para você ter uma noção, eu fiz, em dois anos e pouco, mil audiências criminais.

Eu entendi toda a dinâmica de audiência criminal. E eu vou te falar, é vibrante. Eu estou te contando isso porque uma das minhas ideias tem a ver com tribunal. Já tivemos formatos de tribunal na televisão aberta, mas nenhum se assemelha ao que você está planejando. Então, é o seguinte, eu quero trazer, a minha ideia é, sem contar a ideia... É a experiência que eu tive no Palácio Mauá, no Fórum Criminal de São Paulo, mais a minha experiência de delegado e criar um formato com esses elementos para um programa de televisão. É uma das ideias que eu tenho. Então, na verdade, todas as ideias que eu tive têm um pouco a ver ou com a minha experiência policial com o meu bate-papo com grandes jornalistas da área policial que eu tive amizade.

E que essas pessoas me transferiram muitas ideias e que ainda hoje ressoam na minha mente. Porque a TV aberta está carente de ideias. Vejo muita gente repetindo, repetindo, repetindo. O sucesso do Operação de Risco foi a novidade. Ninguém fazia. Tentaram copiar, fizeram ruim. Então, a ideia, eu acho que esse campo da segurança pública, 'true crimes', é um prato cheio, não só para o streaming, mas para a TV aberta também.

NaTelinha - E os outros formatos, você quer dar uma palhinha também ou vamos ficar no suspense?

Olha, os outros formatos, um dos formatos eu vou dar uma palhinha.

NaTelinha - Não fala muito para ninguém copiar.

Não, não, não. Um dos formatos, Foi uma ideia que eu tive. Não sei se você vai se lembrar, eu tive um quadro na Sonia Abrão de sexta-feira com a sensitiva Márcia Fernandes. E aí, eu nesse quadro, que era um sucesso lá sexta-feira, porque eu era uma escada pra Márcia... A Sonia apresentava e eu, como gosto dessa área espiritual também, eu era uma escada para a Márcia e fiquei muito amigo da Márcia Fernandes. Naquela oportunidade, a Márcia não era o sucesso que ela é hoje, porque a Márcia é estourada, a Márcia é um fenômeno na mídia. E há anos atrás, eu conversando com a Márcia e batendo um papo com ela, eu tive uma ideia de um programa, ela complementou essa ideia. E o filho dela também ajudou a colocar uma pimenta. E nós desenhamos isso. Então, é um outro formato que envolve crime, mas envolve também um pouco de espiritualidade.

Essa é uma outra ideia também, que está tudo desenhado, guardadinho, para que talvez no futuro a gente coloque em prática.

NaTelinha - E você pretende levar essas ideias, por exemplo, para a feira de televisão? Eu não sei se você já visitou feira de televisão? A gente está acostumado a importar muito formato, e você está me mostrando um caminho contrário. Por que não levar esses formatos para fora, colocar numa feira, para que você possa colocar esses programas todos em outros países parecidos com o Brasil, onde eles possam se encaixar. Existe essa ideia ou não?

Olha, é bom conversar com gente inteligente que a gente aprende. Você está me dando uma visão que nunca ou pela minha cabeça.

NaTelinha - Ah, não?

Nunca ou. Mas já que você me deu isso de presente, eu vou agora, por isso, para fomentar aqui na cachola e conversar com alguns amigos até da RedeTV!, que costumam ir nessas feiras, até para eles me dizerem se tem alguma chance de eu poder ir lá e conversar com as pessoas. Mas uma coisa, o que acontece? O meu diferencial é a paixão que eu tenho por isso. O diferencial é a paixão. Quem me conhece sabe. Eu não trabalho de segunda a sexta. Eu trabalho de segunda a segunda. Ou eu estou escrevendo roteiro, ou eu estou trabalhando no meu programa, ou eu estou escrevendo artigo, ou eu estou criando na área de segurança. Então, eu fico plugado exatamente 24 horas. E muita gente do Brasil entra em contato no meu direct, no Instagram, e a pessoa às vezes me dá uma grande dica. Então eu posso dizer que eu sou uma fábrica de ideias porque o meu foco é TV aberta. Eu respiro TV aberta porque eu participei de todos os programas de entretenimento. É impressionante. Então, por participar de programas de entretenimento, eu conheci e fiquei amigo de grandes diretores de entretenimento. E você começa a bater papo com eles.

Vou te dar um exemplo. O último que ficou meu amigo, que eu nunca imaginei, que eu fosse ter amizade, que é uma pessoa que eu irava, foi o grande diretor e amigo, parceiro, empresário do Gugu, que é o Homero Salles. O Homero Salles veio a ser superintendente na RedeTV!. E quando ele foi ser superintendente, eu esperei a primeira semana, fui lá e marquei uma reunião com ele. Sentei na sala dele e já comecei: 'Homero, eu sou seu fã. Aqui é um papo de fã e de uma pessoa que reconhece o trabalho que você fez no SBT e o trabalho que você fez com o Gugu. Você é um inovador'. E eu conheço toda a história do Homero, já conhecia. As histórias de criação do Homero. Não sei se você sabe, o Homero dirigia programa praticamente no estúdio. Ele não dirigia do switcher. O switcher dele era no estúdio. Era um cara de por a mão na massa.

Bom, eu cheguei lá e, para minha surpresa, ele falou: 'Lordello, conheço o seu trabalho. Conheço o Operação de Risco, e eu quero muito conversar com você'. E só nesse dia nós ficamos quase quatro horas batendo papo. E eu percebi que eu, através do Homero, a gente ia conseguir aproveitar das ideias desse profissional. E aí ele comentou comigo: 'Olha, estou assumindo agora no final do ano'. Ele assumiu, se não me engano, em 2019, só que em 2020. Estourou a pandemia. E aí as televisões pararam. E aí não tinha o que fazer. E o Homero acabou saindo da RedeTV! e ele foi para Portugal, onde ele tem residência também, até para se proteger da Covid.

Mas o Homero ficou meu amigo. Nós temos telefone, eu ligo para ele, ele me liga. Então eu tive a felicidade de conhecer grandes diretores, ou todos praticamente de área de entretenimento, e eu aprendo muito com eles. Agora, comprar formato não tem criatividade. Não há criatividade nenhuma. Você vai lá, escolhe o formato, acredita que aquele formato vai ser. Eu acho que nós temos tanto potencial no Brasil, ainda mais falando da área de segurança pública, porque, infelizmente, nós temos hoje uma gama de crimes acontecendo que a imprensa não dá conta de noticiar. Não dá. É uma gama de crimes. E eu acho que isso tem muito conteúdo para a gente colocar na TV aberta.

NaTelinha - Sobre o seu canal Na Cena do Crime, só existem crimes brasileiros. Você pretende retratar crimes famosos em outros lugares do mundo? Existem crimes estarrecedores e que marcaram em outras partes.

Essa pergunta também é muito inteligente, vou te explicar. A intenção, por que eu resolvi fazer na cena do crime no YouTube? Eu consumi alguma coisa de true crimes, mas eu percebi que os canais fazem o que? É um bate-papo. E está tudo certo, é o estilo das pessoas. Então, o apresentador não conhece muito da área, então ele chama o perito, chama o delegado, chama a testemunha, e eles discutem o caso. O que eu acho bacana, mas não é o meu estilo. Eu sou contador de histórias.

Então, o que eu resolvi fazer? Eu resolvi contar o começo, o meio e o fim. E outra coisa, eu queria mostrar muita coisa que a própria TV não mostrou que é a riqueza de provas, porque o telespectador quer ver imagem. Não adianta eu ficar contando uma história e não te mostrar o que aconteceu. Exemplo, estou roteirizando agora o MC da Leste e fiquei impressionado com o que consegui levantar. Vou colocar o telespectador em cima do trailer onde o MC da Leste morreu. Vou mostrar a visão do MC da Leste. Eu vou mostrar a escuridão que era e eu vou mostrar o local aonde saiu o tiro. Isso nenhum canal mostrou. Agora, por que eu não tenho feito crimes em estrangeiros? Porque eu não tenho contato nos Estados Unidos.

Então eu posso escrever lá, contar o crime do O.J. Simpson, mas eu vou ter que ficar indo no Google, pegando umas notícias e o que tiver. O meu diferencial Na Cena do Crime é que eu vou atrás. Do quê? Do processo completo. Te dou um exemplo. A maior polêmica que gerou no YouTube foi que eu fiz dois vídeos Na Cena do Crime, que foi um choque, porque eu comecei dizendo o seguinte: o caso Cristiano Araújo foi crime. Caso Marília Mendonça foi crime. E as pessoas: 'O que é isso? Crime? Mataram Cristiano Araújo?'. Mas por que eu resolvi fazer? Porque a morte do Cristiano e a morte da Marília, Thiago, elas renderam, elas deram notícia até o velório, até o enterro. Depois todo mundo esqueceu. Só que o Lordello não esquece.

O que eu fiz? Quando eu me propus a fazer o canal Na Cena do Crime, eu falei: 'Espera um pouquinho, vou começar com Marília Mendonça. Quero saber a investigação criminal'. E fui atrás. E eu tenho amigos. E eu consigo o processo inteiro da Marília Mendonça. E aí, depois que eu fiz Marília Mendonça e eu coloquei no canal e estourou, eu falei: 'Bom, agora eu vou fazer Cristiano Araújo. E fiz o Cristiano Araújo com todos os laudos, com filme, com áudio, com imagem.

Porque na época, volta a dizer, o caso terminou no velório, no enterro. Aí não se fala mais, fica saudades. Mas as saudades ficam. Mas as pessoas morreram. E se elas morreram, teve uma investigação. E eu quis saber o resultado. E no caso do Cristiano Araújo, a conclusão do delegado foi homicídio culposo. No caso de Marília Mendonça, foi homicídio culposo. Tem que responsabilizar essas pessoas. Essas pessoas foram responsabilizadas. E ninguém ficou sabendo. Então eu quero mostrar que não houve fatalidade. E aí, no vídeo do Cristiano Araújo, eu falo na câmera com o Marrone. Eu falo com o Marrone. Pelo seguinte, quando eu estou roteirizando o Cristiano Araújo, Thiago, eu descubro que o motorista, que era o motorista segurança do Cristiano, ele foi considerado culpado pelo acidente. Ele respondeu e foi condenado em todas as instâncias por homicídio culposo. Em seguida, o que eu descobri? Que o cantor Marrone contrata o Ronaldo para trabalhar com ele. Dizendo que o Ronaldo é boa pessoa, que conhece o sertanejo.

Até aí, Marrone, tudo bem. Mas, quando eu descubro uma entrevista onde o Marrone fala assim: 'Olha, pessoal, estou contratando o Ronaldo, porque ele é pai de família, até aí tudo bem, Marrone'. Mas ele usa uma frase que eu não gostei, que essa frase é perigosa, que é a frase da impunidade. Ele fala assim: 'Foi apenas uma fatalidade'. E aí eu falo Na Cena do Crime que não foi fatalidade, foi crime, foi irresponsabilidade, foi imperícia, foi negligência, foi imprudência. Essa palavra fatalidade é uma palavra que normatiza, que minimiza as coisas. Teve um acidente e a pessoa morreu. A morte de Marília Mendonça não foi fatalidade. Como é que o avião cai se o tempo estava bom? Se o avião estava bom, por que o avião caiu?

Então, essa fala do Marrone me deixou chateado, porque vejo muita gente falando bobagem na TV, falando em fatalidade. Não é fatalidade, é crime. Morreu uma pessoa, morreu a namorada de 19 anos. Então, eu conto a história inteira. Eu mostro a gambiarra que foi feita nas rodas que o rapaz ofereceu para o Cristiano e colocou no carro. A gambiarra que foi feita em rodas rachadas, onde foram feitos os pontos de solda. Eu mostro o ponto de solda. Eu mostro o laudo da perícia. Então, minha função Na Cena do Crime é entrar no crime. A pessoa assiste as minhas histórias lá.

Como anilina fez Jorge Lordello ser Delegado de Polícia e ter programa na RedeTV!

NaTelinha - São várias camadas que você está me falando na cena do crime. É muita coisa, é muito detalhe, é muito pormenor. Então, eu fico pensando, quem é que está cuidando da formatação, o roteiro nos vídeos, é tudo você? A RedeTV! tem dedo nisso? É um trabalho de várias mãos, imagino.

Para fazer o Na Cena do Crime, eu jamais conseguiria fazer isso sozinho, porque não tenho nem capacidade, principalmente da parte técnica. Então, eu acabei conhecendo um rapaz que se tornou meu amigo, que é o Alan, é um rapaz que morou nos Estados Unidos muitos anos e depois voltou para o Brasil. E esse rapaz teve uma pequena produtora. E nessa pequena produtora, ele tinha colaboradores jovens, mas não é aquele jovem que sabe mexer um pouquinho, é aquele jovem que estudou, que fez faculdade, é aquele cara que gosta e tem paixão em edição. Então, nós resolvemos formar uma equipe. A equipe ainda é pequena, a equipe hoje tem cinco pessoas. Então, tudo começou quando eu contei a história para eles, eles compraram a ideia do formato do Na Cena do Crime. A partir desse formato, a minha ideia era narrar os fatos num local como se fosse uma delegacia onde eu trabalhei lá antigamente, na década de 90. E aí, eu peguei um espaço e fui comprando todos os objetos de cena. Mas eu tentei comprar o que havia de mais real, como se fosse uma delegacia antiga.

Então, quando você assiste o Operação de Risco, as pessoas mais antigas, realmente parece a sala do delegado. Alguns objetos da cena do crime eram objetos meus, que eu usava em delegacia e que ficaram comigo. Por exemplo, a máquina de escrever vermelha é uma máquina minha que eu levava para a delegacia e utilizava o par de algemas que eu tenho pendurado, o porta-chapéu que eu tenho, é tudo meu. Então eu montei um local que eu me sinto dentro de uma delegacia e eu coloco o telespectador dentro dessa cena. Então a gente resolveu comprar equipamentos de qualidade, gravar em 4K, estamos melhorando assim absurdamente a questão das edições e a partir dos primeiros vídeos eu saio. A minha equipe vai gravar com gente que vai dar entrevista para o programa. Olha que interessante.

Então, quando eu localizo pessoas que, de uma maneira ou de outra, tiveram envolvimento naquele caso, eu vou atrás. Por exemplo, o caso Maníaco do Parque. Você não vai encontrar na internet uma narrativa tão precisa como a minha do Maníaco do Parque. E aí eu descobri, descobri não, já sabia, que quem fez o laudo dele, quem teve um contato com ele, foi o doutor Guido Palomba, que é meu amigo, psiquiatra. Liguei para ele, falei do canal. 'Doutor, o senhor recebe a minha equipe?'. Minha equipe foi lá e gravou uma entrevista sensacional. A gente corta a entrevista e vai colocando durante os processos. Eu entrevistei a doutora Eliana arelli em casos que ela fez. Então, a gente vai atrás de testemunhas, de vítimas, de advogados, de promotores, de juízes, que deixam o nosso conteúdo com um e, um corpo muito grande.

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