A melhor atuação de cada ano nos 20 anos de NaTelinha
Confira a lista com a melhor atuação de cada ano nas comemorações dos 20 anos do NaTelinha

Publicado em 02/06/2025 às 07:22,
atualizado em 02/06/2025 às 10:59
Os 20 anos do NaTelinha trazem momentos icônicos na TV brasileira e, neste período, foram inúmeras as atuações, algumas mais marcantes, outras menos, no universo da dramaturgia nacional. A lista de grandes nomes é extensa e seria quase impossível ignorar alguns deles.
A tradicional coluna semanal que apresenta a Atuação da Semana decidiu aproveitar o momento de comemoração para adaptar para esta fase. Assim, nasceu a ideia de escolher a melhor atuação de cada ano desde que o NaTelinha ou a existir.
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Confira a lista:
2005 - Glória Pires (Belíssima)
Desde o primeiro capítulo de Belíssima ficou claro que a escolha da difícil protagonista Júlia Assumpção, criação de Silvio de Abreu, só poderia ser feita por Glória Pires. A mocinha era insossa, sem graça e sem nenhum brilho, sendo dominada por outros personagens satélites.
Glória soube conduzir essa fase e construiu uma Júlia pecinha por pecinha, dando credibilidade e usando toda a sua capacidade para criar empatia junto ao público, ainda que ela fosse uma perfeita idiota no início da trama. Na mudança, foi impossível não torcer por ela.
2006 - Fernanda Montenegro (Belíssima)
Bia Falcão é desses acontecimentos raros de se ver. A terrível vilã de Belíssima foi maldosa desde o primeiro capítulo, mas foi após seu retorno, depois da falsa morte, que a personagem se transformou em icônica, inclusive em seu retorno triunfal.
Fernanda Montenegro brindou o público com uma das mais poderosas interpretações de uma vilã em todos os tempos, pegando cada pedacinho das nuances do texto e descontruindo didaticamente diante de nossos olhos, saindo da novela para entrar na História.
2007 - Wagner Moura (Paraíso Tropical)
Um vilão de Gilberto Braga com tão poucas novelas no currículo foi surpreendente. Mas logo na primeira sequência ficou claro o acerto da Globo em apostar no então novato para um papel de tamanha magnitude. Olavo ainda não sabia, mas entraria para o panteão das grandes personagens da TV.
Wagner Moura surpreendeu quem não o conhecia e mostrou uma capacidade de criar tipos, inclusive um jeito inusitado de andar. O ator soube caminhar entre o drama e a comédia com rara felicidade e ganhou a empatia, mesmo sendo capaz de fazer as maiores atrocidades do mundo.
2008 - Patrícia Pillar (A Favorita)
O olhar angelical de Patrícia Pillar sempre era usada em personagens de menor voltagem, mas foi em A Favorita que a atriz mostrou que nem sempre alguém com seu estilo faria tipos centrados. Flora foi uma das grandes vilãs do Brasil, assim como A Favorita fez uma poderosa estreia para seu autor, João Emanuel Carneiro.
Mas foi Patrícia quem brilhou intensamente, com uma vilã tão sórdida que dava medo em parte do público. Capaz de qualquer coisa, a personagem era terrível de tão má, mas sua intérprete construiu uma interpretação forte, marcante e sem precisar de caras e bocas.
2009 - Felipe Camargo (Som e Fúria)
Num país marcado por grandes audiências de novela, quase 20 anos atrás as séries ainda engatinhavam. Foi neste cenário que surgiu uma produção brilhante e que recolocava Felipe Camargo no radar para outras obras, após ar anos meio escondido.
Som e Fúria é dessas séries que sabem como chamar a atenção e Felipe Camargo se entregou tão profundamente, como raramente se vê na TV ao herói da história, a ponto de desbancar outros trabalhos, principalmente os de novelas.
2010 - Adriana Esteves (Dalva e Herivelto)
Novamente as novelas foram ofuscadas por uma produção menor e com pouco tempo de arte. Dalva e Herivelto foi uma microssérie brilhantemente escrita por Maria Adelaide Amaral, contando a história da dupla homônima e que contou com o irresistível talento de Adriana Esteves.
Fábio Assunção também brilhou, mas a produção mostrou um pouco do que estaria por vir numa das maiores atrizes de sua geração e que começava ali a virar protagonista da década na interpretação do Brasil. Um trabalho irretocável ao mesmo tempo em que é inesquecível.
2011 - Bruno Gagliasso (Cordel Encantado)
Como uma novela das seis pode ser inesquecível? Sendo Cordel Encantado. A maravilhosa novela de Duca Rachid e Thelma Guedes ganhou o coração do brasileiro e muito disso se deveu ao vilão amalucado, cruel, mas muito humano criado por Bruno Gagliasso.
O intérprete de Timóteo não se poupou e fez uma profunda construção de um vilão em uma trama que misturava realismo fantástico com forte carga dramática. Bruno roubou a cena ao mesmo tempo em que Timotinho causou muita raiva.
2012 - Adriana Esteves (Avenida Brasil)
A maior novela do século XXI, Avenida Brasil, não deixaria de ter sua maior interpretação de fora. O fenômeno da faixa das nove deve parte de seu sucesso mundial a Adriana Esteves. A atriz permitiu absolutamente tudo e criou uma Carminha que parecia ser impossível de existir.
A vilã nem foi a mais maldosa que já se viu na TV, mas com seu estilo solar, a atriz ficou três tons acima na interpretação com alta voltagem, sempre aos gritos e conquistou o coração de todo brasileiro e também de todo o mundo.
2013 - Marília Pera (Pé na Cova)
O último trabalho de uma grande atriz não ganha dimensão enquanto não se descobre que era uma despedida. A própria produção de Miguel Falabella já era por si só uma série cheia de qualidades, mas a maior de todas era a atriz que deu ares de humor deprimido muito antes do termo existir.
Se atualmente, séries como The Bear e After Life fizeram sucesso nos últimos anos, Pé na Cova fez lá atrás e Marília Pera entendeu que sua personagem era fundamental para sustentação de uma história que ia pelos mais diversos caminhos. Ela roubou a cena.
2014 - Alexandre Nero (Império)
Império foi a volta por cima de Aguinaldo Silva quando o assunto é novela de qualidade. Mas também foi a produção que mostrou o tamanho da capacidade de Alexandre Nero. O talentoso ator, que vinha construindo lentamente sua carreira na TV, chocou todo mundo como o Comendador.
O personagem mais controverso dos últimos anos só funcionou porque foi defendido por um ator capaz de absolutamente qualquer coisa para vê-lo funcionar. Uma interpretação suja e que foge completamente do padrão da TV, brilhando intensamente.
2015 - Alexandre Nero (A Regra do Jogo)
A volta de João Emanuel Carneiro após o fenômeno Avenida Brasil (2012) não foi como se esperava. A primeira produção voltada para um perfil mais masculino não teve a mesma pegada, mas mostrou que o autor sabia construir bons personagens homens também.
Isso se deveu também ao talento de Alexandre Nero. O ator, que um ano antes, tinha brilhado como o Comendador, mudou completamente o jeito e parecia outra pessoa ao espantar o mundo com sua construção perfeita para o picareta Romero Rômulo.
2016 - Domingos Montagner (Velho Chico)
A despedida de Benedito Ruy Barbosa terminaria em tragédia, mas a novela, que teve uma direção autoral de Luiz Fernando de Carvalho, era muito bem feita e chamava a atenção. Também porque seu protagonista, interpretado por Domingos Montagner (1962-2016).
O último trabalho do ator, que morreria afogado enquanto nadava no Rio São Franciso nos bastidores da reta final da novela, foi como toda sua carreira, muito bem defendido e com uma interpretação forte, viril e que conquistaria o telespectador, além de deixar saudades.
2017 - Juliana Paes (A Força do Querer)
Gloria Perez queria mostrar que sua ideia de reformular o estilo em Salve Jorge (2013) poderia dar certo e funcionou perfeitamente com A Força do Querer. A coragem de buscar uma personagem inspirada em alguém real, uma antiheroína como Bibi Perigosa só poderia dar certo.
E não havia no planeta alguém mais capaz que Juliana Paes para este trabalho. A atriz, dona de um currículo invejável, fez sua mais poderosa interpretação na carreira e assombrou todo mundo com uma capacidade que raramente se vê em qualquer lugar do planeta.
2018 - Patrícia Pillar (Onde Nascem os Fortes)
Patrícia Pillar acumulou uma sucessão de vilãs e parecia ter achado um filão em que ela ficaria à vontade, mas de repente, decidiu que era o momento de deixar o estilo e assumir o heroísmo. Em Onde Nascem os Fortes, a atriz resgatou um jeito de interpretar que o público já havia se esquecido.
Assim como brilhou em O Rei do Gado, Pillar mostrou um lado humano, obstinado e criou uma protagonista que era impossível deixar de acompanhar ou deixar de torcer. Pegou a novela das 23h para si e colocou no bolso, com um trabalho impressionante.
2019 - Adriana Esteves (Assédio)
A primeira obra original do Globoplay foi exibida na TV aberta em 2019. E novamente Adriana Esteves foi dona e proprietária do trabalho ao interpretar mais uma personagem fora do eixo e que não sabia sequer a forma de agir diante do público.
Baseada em fatos reais, a minissérie era muito forte e funcionou porque a atriz não teve receio de se doar completamente, mostrando seu estilo já tradicional de interpretar com o corpo todo, fazendo cada célula funcionar em cena.
2020 - Marjorie Estiano (Sob Pressão - Plantão Covid)
Sob Pressão fez muito sucesso desde que surgiu no Brasil, ainda em formato de filme. A série virou um fenômeno nacional e parecia que nunca teria fim. Muito disso por conta da capacidade dos autores em encontrar histórias diferentes, até inusitadas e também pelo elenco.
Em 2020, quando tudo estava fechado por conta da pandemia, Marjorie Estiano se entregou em Sob Pressão - Plantão Covid, um episódio destruidor e que mostrou que ela é uma das maiores atrizes da nossa geração e um presente para o telespectador.
2021 - Regina Casé (Amor de Mãe)
No período de pandemia quase nada foi exibido na TV, mas o público estava ávido pela volta de uma novela que havia sido interrompida num momento em que o telespectador muito se interessava pela história: Amor de Mãe. Muito do sucesso se deveu pelo talento incomensurável de Regina Casé.
A atriz, que construiu sua carreira toda como apresentadora e parecia que nunca mais faria novelas, foi muito feliz na composição de dona Lurdes e fez uma mocinha inesquecível, entrando para o panteão das grandes personagens deste século.
2022 - Malu Galli (Além da Ilusão)
O reencontro do horário das seis com uma boa novela aconteceu na reta final da pandemia. Alessandra Poggi mostrava que seria uma autora pronta para o horário justo na estreia de Larissa Manoela na Globo, mas que outra atriz roubaria a cena.
Malu Galli fez a mãe da mocinha, mas foi ela quem virou a dona da novela com uma história forte e uma sucessão de sequências melodramáticas que pareciam absurdas, mas que no fim funcionaram perfeitamente graças ao grande talento da atriz.
2023 - Marjorie Estiano (Fim)
A atriz que parece ter abandonado o formato de novelas seguia brilhando no Brasil. Fim foi uma produção baseada no irresistível livro de Fernanda Torres e contou com um elenco de gala, tendo nomes como Fabio Assunção e todos em alta voltagem.
Mas Marjorie parecia obstinada em entregar seu mais denso trabalho, construindo uma personagem tão profunda e contida que, ao final, saiu estraçalhada, dando à sua intérprete vários momentos inesquecíveis e deu outro traço do tamanho de seu talento.
2024 - Juliana Paes (Pedaço de Mim)
A atriz nasceu na Globo e ou todo o século XXI fazendo usa carreira na emissora. Com o advento do streaming, coube a Juliana Paes protagonizar a primeira novela brasileira da Netflix e ela não deixou por menos, numa história forte e melodramática.
Com todo seu talento, Juliana não decepcionou e entregou todo o seu talento, brilhando intensamente e mostrando que é possível fazer sucesso fora da Globo.